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Direito, gestão e esportes

Direito, gestão e esportes

Por Higor Maffei Bellini 

 

Os recentes casos de atletas da NBA, a liga americana de basquete, envolvidos em escândalos de apostas esportivas revelam algo que vai muito além do basquete. Mostram que, independentemente do país, do nível de organização ou dos valores pagos aos jogadores, o risco de contaminação do ambiente esportivo pelas apostas é uma questão global e estrutural.

A NBA, tida como uma referência mundial de governança e controle, não conseguiu impedir que parte de seus protagonistas cruzasse a fronteira ética entre o jogo e o negócio. 

O que isso prova é que o problema não está no esporte em si, envolvendo atletas, técnicos ou dirigentes, mas na forma como a sociedade, as ligas e as plataformas de apostas tratam o tema.

As apostas são, hoje, parte integrante do espetáculo esportivo, com patrocínios milionários, odds exibidas nas transmissões e engajamento digital construído sobre a imprevisibilidade do erro humano. 

Mas, quanto mais o sistema transforma o esporte em produto financeiro, mais tênue se torna a linha entre o torcedor que acompanha o jogo por amor ao time e quem aposta visando apenas lucro. 

No Brasil, o futebol atravessa o mesmo dilema.

 Casas de apostas estampam camisas, patrocinam competições e financiam clubes, enquanto investigações revelam manipulações de resultados em todas as divisões. 

Legalizar as apostas é um caminho sem volta, mas o desafio está em criar um ecossistema ético, transparente e com mecanismos reais de integridade e educação.

A NBA ensina que nem mesmo o controle mais sofisticado é suficiente se faltar cultura de responsabilidade e consciência individual. É preciso entender que apostar não é o problema; o problema é quando a aposta deixa de ser entretenimento e passa a ser instrumento de corrupção e pressão.

Governança esportiva, nesse contexto, não é apenas administrar contratos ou punir desvios, mas formar pessoas capazes de resistir às tentações de um mercado bilionário que transforma cada jogada em oportunidade de lucro.

A lição que a NBA deixa ao mundo é simples: integridade não se compra com marketing — se constrói com valores, exemplo e educação contínua