Gerir para evoluir, não para permanecer
Por Higor Maffei Bellini
Na gestão como um todo, mas especialmente na desportiva, um erro comum e recorrente é a tentação de gerir pensando apenas na continuidade do próprio projeto ou da permanência no cargo. No entanto, o verdadeiro papel de um gestor, seja comum ou esportivo, vai muito além da preservação da sua posição ou de seu emprego. Gerir pela gestão, por si só, é vazio de propósito e prejudicial para a instituição.
O gestor desportivo tem como principal responsabilidade zelar pelos interesses da entidade que representa, seja ela um clube, uma federação ou qualquer outra organização ligada ao desporto.
As suas decisões devem ser orientadas pelo bem comum, pelo fortalecimento da estrutura organizacional e pelo crescimento sustentável da instituição, e não pela perpetuação da sua gestão.
É importante compreender que todas as gestões são, inevitavelmente, temporárias. A alternância no comando faz parte do processo democrático e saudável de qualquer organização.
Por isso, é fundamental que o gestor tenha a maturidade e a visão de longo prazo necessárias para construir um legado que possa ser continuado de realizações e não de dívidas por quem vier a seguir. Isso implica criar processos sólidos, investir em formação, transparência e planejamento estratégico.
Além disso, é preciso evitar a personalização das ações e decisões, pensando apenas em colocar o nome do gestor na história ou em perpetuar aquele grupo no poder por longos anos.
Quando um gestor toma medidas pensando apenas na sua permanência ou no seu reconhecimento, corre o risco de minar a credibilidade da instituição e comprometer o seu futuro, por ter gerado dívidas que não conseguirão ser pagas sem prejuízo do investimento na própria instituição.
Por outro lado, quando se atua com responsabilidade e visão institucional, cria-se um ambiente propício ao desenvolvimento, da instituição em que cada ciclo de gestão contribui com avanços concretos.
A gestão desportiva deve, portanto, estar ancorada em valores como ética, responsabilidade e compromisso com o coletivo.
O objetivo final não deve ser “gerir para continuar”, mas sim “gerir para evoluir”, garantindo que a organização esteja sempre preparada para os desafios futuros, independentemente de quem esteja à frente.