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Direito, gestão e esportes

Direito, gestão e esportes

Por Higor Maffei Bellini 

 

A decisão da Conmebol de manter o formato de final única para suas competições segue expondo um problema estrutural no futebol sul-americano: logística.

Diferentemente da Europa, nosso continente não possui uma malha de transporte integrada por rodovias ou ferrovias internacionais. A realidade é dura: para ir de um país ao outro, na esmagadora maioria das vezes, o torcedor depende exclusivamente do avião. E quando essa é a única opção, os preços disparam.

Além disso, há outro obstáculo: o torcedor não pode comprar a passagem antes de ter o ingresso.

Não existe garantia de que conseguirá entrar no estádio  e, sem isso, ninguém arrisca desembolsar milhares de reais num voo internacional.

Resultado? Quando ingressos são liberados, as passagens já estão caríssimas.

O torcedor paga muito mais que o europeu paga na Champions e, ainda assim, é tratado com menor cuidado.

 

Na Europa, o torcedor cruza fronteiras de trem por valores acessíveis.

Aqui, ao Sul do Equador basta olhar o mapa: poucas ligações rodoviárias, zero ferroviárias internacionais funcionais, aeroportos saturados e tarifas variáveis de acordo com demanda.

Não há logística democrática.

O resultado é que apenas quem tem alto poder aquisitivo consegue acompanhar seu clube, afastando quem dá sentido ao espetáculo: o torcedor comum.

Insistir nesse modelo é ignorar a geografia, a infraestrutura e a cultura de deslocamento do continente.

Final única é mais uma decisão que afasta o público, encarece o evento e enfraquece a essência do futebol sul-americano.

Enquanto não houver planejamento logístico continental, insistir nessa fórmula é apostar contra o próprio produto.