Por Higor Maffei Bellini
A nova versão do campeonato mundial de clubes, agora chamada de "Copa do Mundo de Clubes da FIFA", com 32 equipes e duração de um mês, já dá sinais de fadiga, em razão da não aceitação, por dirigentes, sobretudo os europeus.
Isso porque seu maior obstáculo é justamente agradar a quem deveria ser o protagonista: os clubes. Mais especificamente, os clubes europeus que são os donos da maior concentração técnica, financeira e de audiência do futebol mundial e não querem participar, pois sabem que a Champions é o campeonato que interessa.
E quando o fazem, é por obrigação, jamais por desejo de dizer que venceram a Copa do Mundo de Clubes.
Na prática, o torneio vem sendo imposto por uma lógica de expansão comercial que ignora a realidade esportiva, dos Estados Unidos, onde o chamado "soccer" não atrai a atenção do público local.
A edição de 2025, que está acontecendo agora, chegou num momento em que o calendário europeu já está saturado por mais de 60 partidas por temporada.
A FIFA tenta vender a competição como uma Champions League global, talvez já antevendo que no futuro teremos uma liga mundial de clubes.
Ao buscar audiência e faturamento nos mercados da Ásia e dos EUA, ignora o fato de que, para os clubes europeus, esse período do ano deveria ser de férias. Curiosamente, a crítica é a mesma feita pelos clubes sul-americanos quando a versão tradicional da Copa era disputada em dezembro, em meio à reta final dos campeonatos nacionais no Brasil e na Argentina.
O problema, portanto, não é a época em que se realiza um torneio mundial de clubes, mas,a existência de mais um torneio que sobrecarrega ainda mais o calendário já exaustivo dos clubes.
Em um cenário de debates crescentes sobre saúde mental, bem-estar e equilíbrio competitivo, a ampliação da Copa do Mundo de Clubes parece caminhar na contramão. E sem o apoio dos principais clubes do mundo, nenhum torneio vinga.
Se a FIFA quiser salvar a ideia, terá que repensar totalmente o modelo. Porque neste formato, a Copa do Mundo de Clubes está fadada a enfrentar sérios problemas, para ter as suas estrelas.