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Direito, gestão e esportes

Direito, gestão e esportes

Por Higor Maffei Bellini 

 

O tempo, sempre ele,  mostrou que a decisão da FIFA de realizar a nova Copa do Mundo de Clubes nos Estados Unidos, como espécie de torneio-teste para a Copa do Mundo de 2026, pode ter sido um grande erro, não vou chamar de equívoco.

 

O objetivo parecia claro: testar a infraestrutura, engajar o público e aquecer o mercado, para alavancar a copa do mundo de seleções, que ali acontecerá, juntamente com México e Canadá.

 

Mas a realidade atual mostra uma série de falhas que colocam em xeque a eficácia desse plano. E quem sabe inviabilizar uma segunda edição deste torneio de verão.

 

Para começar, os EUA hoje apresentam mais restrições do que nunca à entrada de turistas estrangeiros.

 

Há relatos de torcedores desistindo da viagem por medo da abordagem da imigração ou da presença ostensiva de agentes nos estádios. É um ambiente que afasta, os torcedores de times de fora dos estados unidos, em vez de acolher.

 

Do ponto de vista financeiro, os ingressos foram lançados a preços altíssimos — alguns jogos custando acima de US$ 200 — e a resposta do público foi o esperado: baixa procura.

 

A FIFA teve que cortar os preços em até 90% em alguns casos, como no jogo de estreia do Inter Miami.

 

E mesmo com Messi em campo, o estádio estava longe de encher.

Além disso, há o desinteresse natural do público norte-americano pelo futebol. Por lá, NFL, NBA e beisebol ainda reinam.

 

Clubes de fora da Europa são praticamente desconhecidos do torcedor médio, o que agrava a falta de engajamento com o torneio.

 

Sem uma campanha de divulgação forte e sem identidade com os times em campo, o torneio perde força, pois não se consegue convencer a alguém a gastar para ver um esporte que já não está na sua cultura, ainda mais para ver times desconhecidos, com jogadores que se andarem nas ruas será ignorados..

 

 

Mesmo os clubes europeus — como Real Madrid e Manchester City — que devem levar suas estrelas por obrigação contratual, enfrentam outro desafio: a falta de interesse dos seus próprios torcedores em atravessar o oceano no verão europeu para assistir a jogos em um país sem tradição de torcer no estádio para o futebol internacional.

 

 

No fim das contas, essa primeira tentativa da FIFA parece ser um projeto que não atingiu suas metas principais: nem testou com eficiência a infraestrutura da Copa de 2026, nem conquistou o público, nem impulsionou o turismo esportivo.

 

Se a ideia da FIFA era era ensaiar um sucesso futuro, o que vimos foi mais um alerta de que o planejamento precisa melhorar — e muito, tenso em vista que torcer para um clube, não é o mesmo que torcer para um país.