Por Higor Maffei Bellini
Eis que estamos observando, discussões a respeito do poder que a Fifa imagina que tem de determinar o calendário de competições, para os clubes, que à ela são ligados apenas em razão da necessidade de estarem na chamada "família do futebol" para poderem disputar as suas competições. Pois, cada clube ao se associar a uma federação, acaba por se integrar á família do futebol, por uma cláusula de adesão (aquele que você não pode discutir, só aceitar) devendo obedecer às regras e diretrizes, vinda da Fifa, da Federação Continental e da federação local. É essa obrigação de respeitar as diretrizes da estrutura do futebol, que faz com que seja possível a existência dos tribunais da Fifa, para decidir as questões trabalhistas envolvendo atletas e clubes de nacionalidades diferentes, pois, se o clube não cumprir com o dever de pagar fica proibido de contratar novos jogadores, o que os fazem cumprir a determinações, Já que às vezes as penalidades impostas aos clube que não pagam pela justiça estatal se revela inertes.
A entidade máxima do futebol, a meu ver, deveria cuidar apenas das disputas entre seleções, pois elas representam as federações ligadas diretamente a ela. Não ficar se preocupando em organizar, ou referendar a validade de competições, entre clubes. Posto que os clubes apenas são ligados à Fifa de maneira indireta, não tendo a necessária representatividade para discordar das competições impostas aos clubes.
O caso do chamado mundial de clube que será disputado em 2025 nos Estados Unidos, no qual os clubes campeões dos torneios continentais, ao longo de 04 (quatro anos), ou seja existe a grande possibilidade de o primeiro classificado não ter mais nenhum atleta do grupo campeão, que garantiu a vaga, serão obrigados a disputar, mesmo que não desejassem, para garantir as férias dos jogadores e em razão do retorno financeiro não ser o desejado.
Ou seja, se estará punindo os jogadores que tiveram a competência para serem campeões com a impossibilidade de saírem de férias, para descansar o corpo e a mente, pois quando se pratica o esporte de maneira profissional, este não é razão de relaxamento, como para nós pobres mortais, mas, sim, de grande desgaste para os atletas.
Creio que não há dúvidas sobre a real necessidade do empregado, que não desenvolva atividades como atleta de futebol, de se desconectar dos compromissos profissionais, para preservar a sua saúde tanto no aspecto mental como físico, para que a pessoa não adoeça em razão do trabalho desenvolvido. Porém, isso vem sendo negado aos atletas de futebol.
E é o ponto da nossa discussão a Fifa que não é a empregadora, que não sofre as consequências, do desgaste e lesões do atleta, poderia ficar criando competições de clubes e os obrigando a disputar, para atender apenas os interesses da Fifa, sem considerar os interesses dos atletas e dos próprios clubes.
Cremos que a Fifa não pode impor a obrigação dos atletas continuarem a trabalhar, quando deveriam estar de férias. Em o fazendo nasceu o direito dos atletas de buscar o necessário socorro da justiça, para exercer o seu direito de resistência, não indo disputar a competição, sem o risco de sofrer consequências negativas na sua relação empregatícia.
Se o empregado entende que não tem condições de participar da competição que estará em curso, quando deveria estar de férias, pode e deve colocar essa questão primeiro ao clube e depois ao poder judiciário, pois a entidade máxima do futebol, não pode dizer que o atleta deve abrir mão de suas férias, para trabalhar. Ainda que o atleta deva participar das competições onde seu clube esteja classificado, este dever não pode se propor ao seu direito a ter garantida a sua saúde, em todos os seus aspectos.
Ainda mais quando a competição a ser disputada é nova criada para ser disputada no momento de intervalo entre as competições, sendo disputadas nos campeonatos nacionais, entre uma temporada e outra.
Esse período entre uma época e outra não serve apenas para contratações, mas, sim para recuperar o atleta do desgaste provocado pela competições e às vezes até as lesões de uma temporada para começar a nova em plenas condições
Sendo assim entendemos que a Fifa até pode criar novas competições, mas, não deveria o fazer quando se trata de clubes, especialmente porque não tem relação direta com os clubes, o que pode prejudicar ao pagamento de salários de atletas lesionados na competição, como acontece quando se trata de competições de seleções, onde existe o pagamento do jogador lesionado.
E deixamos um questionamento a qual clube interessa ter em sua galeria uma taça de campeão mundial ganha 4 anos após a conquista do direito de estar presente naquela competição, sem ter em sua equipe aqueles atletas, pois ao contrário as eliminatórias para uma copa do mundo que se estende ao longo de anos e que termina próximo da copa, ou seja, os atletas que a disputam são os mesmo da classificação, que poderá não ter representatividade perante a sua torcida e perante os demais clubes do mundo?